A aparição de fragmentos arqueológicos em Jacareí sempre existiu, pois Jacareí sempre foi um território muito habitado pelos povos indígenas antigos, que aqui se encontravam, muito antes da chegada do povo Português, colonizador do Brasil e parte do Continente Americano do Sul.
Os povos antigos que aqui habitavam, selecionavam e preferiam estar sempre nas partes mais altas dos montes, morros e montanhas, sempre próximos aos rios menores e riachos, mas se mantinham um pouco distantes do Rio Paraíba do Sul, pois este era uma ameaça a sobrevivência das aldeias e seus povos, em função de seu imenso volume de águas, que durante suas cheias, alagavam todas as áreas mais baixas do território.
Exemplo de áreas alagadas e imensamente inundadas pelo Rio Paraíba do Sul, que possuía leito diferente atual, eram as zonas em que hoje se encontram vários bairros da cidade, como o Jardim do Vale, Campo Grande, Cassununga, Jardim Liberdade, Praça Conde Frontin, Praça dos Três Poderes, Jardim Leonídia, Jardim Paraíba, Jardim São José, Vila São José, área da Escola Agrícola "Cônego José Bento", área da antiga Fábrica LAVALPA, parte da área do Bairro Avareí, Jardim Flórida, Jardim Siesta, Clube de Campo, parte do Jardim Jacinto e parte do Rio Abaixo. Essas inundações deram origem à denominações populares, por exemplo, a área do Jardim Leonídia e área onde se encontra a Praça dos Três Poderes, se chamava "Esmaga Sapo", a área da Praça Conde Frontin possuía, dentre outras denominações , o nome "Água Ispaiada".

Todas as inundações empurravam os povos indígenas à viverem em zonas mais altas, como por exemplo no Morro do Pedregulho, um dos Sítios Arqueológicos de Jacareí que foi loteado e em torno do Rio Cumprido, na divisa de Jacareí e São José dos Campos, o Bairro Villa Branca, onde hoje se encontra o Condomínio Villa Branca, mais conhecido como "Cemitério dos Índios", pois há séculos atrás era uma zona povoada por milhares de indígenas, hoje ali soterrados, que possuíam suas aldeias e foram extintos pelos novos modos de vida, implantados pelo povo colonizador português.
Em meados de 1970, com os primeiros avanços da construção civil, os construtores, comerciantes de pedra, areia, terra, e materiais de construção que deram início às atividades de escavação e terraplenagem nos terrenos e loteamentos de Jacareí, sempre encontravam materiais diferentes de terra ou areia, no solo escavado, aterrado e plainado; pois no momento em que se revolvia a terra em território de Jacareí, já apareciam pedaços de pedras trabalhados, cacos de cerâmica, e partes de esqueletos de corpo humano e animal.
Esse material que surge debaixo dos terrenos quando são escavados e loteados para a construção, são denominados FRAGMENTOS ARQUEOLÓGICOS e Jacareí é repleto desse material que deve servir como objeto de estudo para conhecermos as populações antigas, que ocupavam o espaço geográfico que ocupamos agora. Cesira Papera acompanhou o surgimento desses fragmentos arqueológicos, quando Jacareí iniciou o seu desenvolvimento na construção civil, porque sua família possuía uma empresa de distribuição de materiais para construção, era a DISTRIBUIDORA DE PEDRA AREIA E TERRAPLENAGEM LTDA.

Com o pai Leonel Papera, e os irmãos Flavio Papera, Marcio Papera, Cesira Papera entregava areia e pedra nas obras e realizava com os irmãos os serviços de Terraplenagem nos terrenos de Jacareí, e assim viu surgir os primeiros fragmentos arqueológicos em território Jacareiense. No mesmo período, surgia a iniciativa dos jovens jacareienses em criar um Museu na cidade, pois ao verem, o prédio do Colégio "Antonio Afonso" desmoronar por descaso das autoridades públicas, imaginaram que Jacareí deveriam salvar o outro prédio localizado em frente, representante da arquitetura do século XIX, o Solar "Gomes Leitão", então Escola Estadual "Coronel Carlos Porto" para preservar o Patrimônio Cultural de Jacareí e criar um Museu no município. o "Solar Gomes Leitão" é o edifício histórico, tombado pelo CONDEPHAAT, escolhido para sediar a sonhada instituição MAVP - Museu de Antropologia do Vale do Paraíba, situado à Rua Quinze de Novembro, 143, Centro Jacareí, SP.
Toda a história do Tombamento do "Solar Gomes Leitão" e a idealização do MAV-Museu de Antropologia do Vale do Paraíba, é contada pelos seus idealizadores e executores diretos, nas seguintes entrevistas de História Oral, que a Professora Cesira Papera, realizou à partir de 2007, para registrar, revelar e divulgar a história e a memória cultural em Jacarehy.

vídeo Entrevista Maria Ada Cherubini
vídeo Entrevista Ayrton Vinicius Naves e Silva
vídeo Entrevista Adelmir Morato de Lima
vídeo Entrevista Osmar de Almeida
vídeo Entrevista Benedito Sergio Lencioni
vídeo Entrevista Maria Lúcia Sant'Anna
O desabamento do prédio do Colégio Antonio Afonso, em frente ao Solar "Gomes Leitão" chocou os cidadãos e estes decidiram que deveriam salvar o outro exemplar de arquitetura neoclássica do século XIX e criar finalmente o primeiro Museu em Jacareí.
vídeo Entrevista Maria Ada Cherubini
Ao mesmo tempo estavam surgindo os fragmentos arqueológicos em vários locais da cidade e à partir da questão arqueológica os jovens se mobilizaram ainda mais para tal ação, sob a liderança, idealização de Osmar de Almeida e Ayrton Vinícius Naves e Silva, deram início às conversas e reuniões sobre o assunto.
Reuniram um grupo de pessoas interessadas e iniciaram as solicitações ao Dr. Advogado, então Prefeito Benedito Sérgio Lencioni, no mandato de 1977 a 1982, e grupo de apoio à cultura da cidade.
Dentre as memórias e pesquisas de Cesira Papera estão estudos inéditos e não divulgados pelo Poder Público, porque os territórios são Bens Materiais, e possuem também Bens Culturais que devem receber a atenção da divulgação para o reconhecimento do Patrimônio Histórico Cultural de um povo; mas a relação entre Capital, especulação imobiliária e Bens Culturais, impedem que o omisso Poder Público priorize a pesquisa e difusão de estudos sobre as origens dos povos e principalmente o reconhecimento de Patrimônio Arqueológico de Jacareí. Parte deste Patrimônio Arqueológico está armazenado dentro de caixas no Galpão do Armazém Geral da Ferrovia, no centro de Jacareí, no prédio da ferrovia, prédio que também é utilizado como salas da Presidência da Fundação Cultural de Jacarehy" José Maria de Abreu", espaço então escolhido para ser o "NÚCLEO DE ARQUEOLOGIA", mas que pouco foi frequentado pelos cidadãos jacareienses, e permanece uma incógnita, por que os governantes não difundem e divulgam o Patrimônio Arqueológico de Jacareí? Por que não têm noção de sua importância e peculiaridade? Ou porque não sabem como utilizá-lo para o desenvolvimento cultural da população?
O Poder Público regido por homens, desprovidos de saberes elementares e sobre Patrimônio Cultural; em função do Capital, age legalmente mas também à serviço do mercado e não dos Bens Culturais e direito à memória, de um povo.
Para esse serviço de revelação de Patrimônio Histórico Arqueológico de Jacareí, Cesira Papera destinou suas pesquisas, em documentos e suas Memórias, pois acompanhou todo o desenvolvimento da cidade de Jacareí, à partir de 1970 juntamente com seu Pai Leonel Papera e irmãos.
Todo o trabalho de pesquisa científica em Arqueologia em Jacareí iniciou-se à partir da ação de Adelmir Morato de Lima, então Diretor do Museu de Antropologia do Vale do Paraíba.
vídeo Entrevista Adelmir Morato de Lima
O site apresenta fotos, publicações, artigos, textos, notícias da imprensa e o TCC - Trabalho de Conclusão de Curso de Cesira Papera, em 2008: TCC - "Preservação do Patrimônio Cultural de Jacarehy", que pode nortear os pesquisadores, estudiosos e interessados no tema, para que se possa revelar a imensa riqueza arqueológica que Jacareí reserva em seu território. O citado TCC é um trabalho precursor na literatura sobre o Patrimônio Cultural de Jacarehy, depois dele, surgiram outras pesquisas. A pesquisadora ao iniciar a pesquisa sobre o tema Patrimônio Cultural de Jacareí, observou que não existiam fontes disponíveis em 2008, nem na internet, nem mesmo nos livros ou trabalhos acadêmicos. Deu início então ao recolhimento e seleção de todas as informações possíveis, materiais e imateriais, utilizando-se da metodologia e técnicas da História Oral e Micro-história, para conseguir montar um banco de dados com informações inerentes ao tema. Foram 10 anos de embates junto às autoridades públicas, na defesa do Patrimônio Cultural de Jacarehy; foram 10 anos de investimentos, observações, mapeamentos, audição junto às pessoas mais idosos e experientes, que acompanharam a história de Jacareí e mesmo assim, é evidente que a cada dia esse Patrimônio Cultural continua a ser demolido, escondido, lesado, corrompido e subtraído dos jacareienses, por uma classe política cada vez mais impossibilitada de entender a grandeza das memórias, das lembranças, da história da cidade e da vida de cada pessoa que contribuiu para a construção e desenvolvimento da cidade de Jacareí-SP-Brasil.
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Obrigada pela leitura e apreciação.
Congratulações Histórico-culturais e Arqueológicas.